segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cuidado! Alex Atala pode influenciar você.


Sempre tive certa identificação com Atala, gosto do seu jeito irreverente de ser, além das coisas bárbaras que faz. Mas a questão da influência, repito mais uma vez, cuidado. Em recente visita a São Paulo, em um day-off,  sugeri ao meus sócios profissionais irmos jantar no D.O.M., falei que iria de qualquer jeito, pois assim como no meu trabalho os fãs idolatram seus ídolos e por questão de convivência com a situação não me emociono nem um pouco em estar perto de um artista do showbusiness mundial, muitas vezes sequer entendo tal frenezi, com certeza se começasse a falar quem era o Atala, quem era o D.O.M., quem era quem, passaria a ser mais um desses incompreendidos. Mas, por nada disso passei e fomos ao D.O.M. Foi tudo muito estranho, porque eu preparei a minha ida ao restaurante, como nos momentos do adolescente que esperou o mês inteiro, o dia da festa chegar. Chegamos, sem reserva e direto fomos acomodados, mas “somente no não fumantes, senhor!”. Pensei: era tudo o que eu queria. Começamos bem, chegamos em um dos TOP 50 do mundo sem reserva, sentamos de imediato e no espaço para não fumantes. Tudo perfeito, tão perfeito que a proposta inicial de ir para a “balada”, foi finalizada por um: “o que deveríamos fazer para ser melhor do que passamos?! Vamos para o hotel.” Mais uma vez pensei: era o que eu faria igual!
Mas tudo isso para dizer que fiquei com muita vontade de fazer todos os pratos, experimentar ser Atala por um dia. No final de semana que passou, estou em uma livraria e fico cara-a-cara com os “livros amarelos” dele. Obviamente sempre soube da existência, mas com a correria profissional, nunca paro para comprar nada, a não ser vinho, mesmo assim agora tenho ligado para as lojas, dou o valor e quantas garrafas estou pensando e elas me enviam, pois preciso experimentar tudo que posso para ser de fato um conhecedor, mas de volta à livraria, pedi para o atendente abrir e quando vi que todos aqueles pratos que queria estavam ali em detalhes, comprei. Só que comprar o livro, CUIDADO, gera uma outra ansiedade: comprar ingredientes. Não é pelo simples fato de ir comprar, mas sim de encontrar. Para quem mora em São Paulo ou Rio, não deve entender muito bem o que estou falando, mas Porto Alegre é um cidade grande com traços interioranos. 
Hoje fui ao Mercado Público e já digo que descobri (Ovo de Colombo), o meu Shopping Center preferido, ele mesmo, sem ar-condicionado, sem estacionamento, com bastante povo na volta, povo mesmo, suor e odor, mas Brasil. O Mercado Público de Porto Alegre é um grande cruzamento, ou como chamamos aqui de “cruzeiro”, inclusive os afro-religiosos daqui contam uma lenda que existe um “assentamento” de um deus do panteão africano dentro do mercado. Assentamento é uma espécie de trabalho sagrado feito na época pelos escravos a pedido dos grandes senhores para que Bará, nome desse deus, trouxesse prosperidade aos negócios. Que história brasileira, que história D.O.M! Olhem, se Bará trouxe ou não para eles eu não sei, mas pra mim sim! No meio desse cruzamento miro para uma fruteira da esquina e avisto um grande pedaço de meio-metro de palmito pupunha. Comecei bem, comprei o palmito, aproveitei fui na peixaria e comprei um lindo lombo de atum fresco, fui na loja de especiarias e comprei gergelim preto, aproveitei e comprei alguns Porccini, favas de baunilha e amêndoas em lascas. A baunilha e o Porccini, não fazem parte da receita que estava pensando de imediato, enfim, já estava com o atum fresco, com o palmito pupunha (que jamais pensei encontrar em Porto Alegre), cogumelos, mel e gengibre tenho em casa, capim-santo e manjericão tenho muito plantado, vinho tem por tudo...Bem, jantar está completo e não vou precisar tapear nenhum ingrediente. Pensei logo em alterar a sobremesa e trocar o manjericão por alfazemas, mas isso vou deixar pra próxima, assim como não vou dizer que receita fazei, pois vocês tem obrigação de ter esse livro.

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