sábado, 27 de agosto de 2011

Querem censurar a cultura


Minha lembrança é clara. Quando Herbert Vianna resolveu colocar em música o que “Luiz Inácio Falou” sobre os 300 picaretas com anel de doutor, os jovens na época explodiram de felicidade com as verdades ditas pelo artista. Nessa tour de shows, a qual fiz aproximadamente 20 produções, era fascinante a explosão de protesto que acontecia a cada show. Na época não se falava em redes sociais. Se tentaram calar Herbert e seus Paralamas do Sucesso, não foi explicitado quanto poderia ser nos dias de hoje.
Pois é, dias de hoje... Em tempos de redes socias tentar calar a Opinião Pública pode ser um verdadeiro tiro no pé ou falta de inteligência, principalmente quando estamos falando de jovens e protestos culturais. Hoje temos em forma de musica um relatório dos deputados que votaram a favor de um aumento de seus próprios salários. Não vou entrar no mérito do merecimento ou da maneira que foi votado, até porque a possibilidade de censura torna tudo isso muito mais grave. Censura cultural. Ouvi várias vezes a música do Tonho Crocco e não consegui escutar nada além de um relato musicado. As verdades são puras e simples, como a letra da música do artista. O deputado Cherini, com sua atitude e intenção, passa de maneira quase que estúpida a validar ainda mais a música do autor, quase que uma declaração de não ter mais nada que fazer ou pior fazem pouco pelo muito que ganham.
Tonho Crocco pode até ser julgado e condenado, mas isso seria a glória para uma juventude que está a espera de um estopim para uma movimentação social que pode ir muito além de redes virtuais. Por que ao invés de tentar calar a cultura, não tentam calar a fome, a falta de segurança, a falta de leitos nos hospitais ou até mesmo, já me bastaria a falta de vergonha na cara.
Deputado! Em tempos de redes conectadas é uma ilusão tentar calar a voz ou os pensamentos de alguém. Sempre foi difícil, imaginem agora com tantos cybers espalhados por aí e a cultura do “fake avatar” cada vez mais crescente como fazer? Prender o autor não significa que a obra ou seus pensamentos irão se esvaziar no nada. A música em questão nunca mais irá ser apagada da rede, logo uma possível condenação seria a eternização do ataque à democracia, porém a não condenação deixará registrada a vergonhosa tentativa de sua atitude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário