sábado, 27 de agosto de 2011

Crise na Cultura


Esse assunto levantei em 2008, mas sinto a necessidade de resgatar por uma questão moral. Na época vários blogs e sites de notícias publicaram o texto, mas conforme o pedido que faço no final do texto, publico ele novamente.
Demorou mas veio à tona. Sempre fomos contra a grande maioria dos projetos da LIC, principalmente aos que traziam cultura incentivada ao publico gaúcho com cobrança de ingressos que ultrapassavam a faixa de preço dos R$ 100,00.
Ora, trabalhamos com isso há mais de 20 anos e sabemos, de antemão, sem necessidade de orçar item por item, quanto custa um evento e quanto deve ser cobrado de ingresso para atingir o lucro desejado. Por esta razão, podemos afirmar categoricamente, que não existe, hoje, nenhum show nacional que tenha ingressos ao valor médio de R$ 100,00 e necessite de incentivo fiscal. Isto quer dizer que na verdade o incentivo está pagando o risco da produtora e o ingresso passa a ser o seu lucro de 100% !
Projetos incentivados devem ser, salvo algumas exceções, totalmente gratuitos, com o objetivo de levar lazer e entretenimento a todos. Quais são as exceções? As exceções devem ser àqueles projetos que apresentam alto risco financeiro e que possuam um apelo cultural histórico e fundamentado. Com certeza não estou falando aqui de shows de artistas como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivete Sangalo, ou qualquer outro artista que tenha grande potencial de venda de ingresso.
A cultura deve ser incentivada para projetos que contemplem espetáculos com artistas pouco conhecidos do público do sul e cuja divulgação seja dispendiosa ou de efetivo risco aos seus produtores.
Quem faria por conta própria, assumindo todos os riscos, em anos passados o show do “Cordel do Fogo Encantado”, ou traria as manifestações artísticas do manguebeat de Chico Science, sem ter certeza de lucro? Sim, projetos como esses poderia estar contemplados por incentivos fiscais e nunca estiveram.
O incentivo deve consistir em levar a nossa cultura, regional ou até brasileira, para fora do país, mostrar o que é nosso aos outros, isso sim com o dinheiro que empresas privadas deixariam de pagar aos cofres públicos e colocariam em cofres de produtoras privadas com o objetivo de propagar a cultura desconhecida do país do samba.
Além disso, as falhas no planejamento da lei, permitem a alteração de atrações, sem precisar refazer o projeto. Isso abre portas para possíveis corrupções. É feito um projeto com base em dados de determinado evento/artista, após aprovado pode-se alterar a atração.
O que o cidadão comum não sabe, tampouco tem obrigação de saber, é que uma produção possui diferenças gigantescas de necessidades técnicas entre artistas de um mesmo padrão. Aqui está um dado importante: a necessidade que pode custar R$ 1.000,00 para um artista, pode custar R$ 10.000,00 para fazer o evento de outro artista de mesmo porte e reconhecimento. Como pode então num projeto ser alterado somente a atração, sem ser refeito o projeto na sua totalidade?
O que tenho a dizer é que isso, ainda, é apenas o início. Se houver força de vontade e os veículos de comunicação de nosso Estado ajudarem, muitas respostas para questionamentos como: perpetuações em cargos públicos de cultura, processos de licitações não tão claros assim e porque umas produtoras tem percentualmente mais projetos aprovados que outras, vão aparecer!
Não vamos deixar o assunto morrer!

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